quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O Salmo 22

Se for possível faça a leitura deste salmo profético escrito por aquele que era segundo o Coração de Deus.


Davi se refere neste salmo ao seu Senhor mas escreve o texto em primeira pessoa. Compadecido por um sofrimento angustiante que o prostra e o faz se derramar, ele consegue transcrever o sentimento de dor e solidão vivido aqui na terra por nosso Rei.


Os detalhes ou melhor dizendo, a riqueza de detalhes que conseguimos notar nas palavras que seguem nos versículos demonstram uma intimidade junto ao Pai de Davi, transbordando ao ponto de se notar a atemporalidade do Alfa e Ômega.


Ser de acordo com o melhor dos sentimentos de Deus apesar de sua imperfeição, fez Davi citar ou profetizar aquilo que viria séculos a frente. Não somente o auge do propósito de Cristo no mundo mas também mais a frente como um verdadeiro profeta descrevendo os últimos tempos e o retorno dEle. 


Ser íntimo do Pai a este ponto implica em ser parte dEle, respirar o Seu Espírito e exalar um aroma suave e agradável, é ficar sabendo parte de Seus planos não para você mas também para o mundo. Davi estava nEle, sentia e vivia ao Pai de uma maneira tal que se diminuia para que Ele crescesse dentro de si chegando ao ponto de se rasgar por tamanho temor e alegria.


Chama-lo de Pai implica em ser filho, mas criaturas não são ainda filhos, é preciso chama-lo por seu Nome estar sob Sua proteção e Suas ordenanças, é preciso um coração segundo as Suas vontades, e aí sim, ser filho do Pai e permitir que as mãos que sustentam os céus, o universo infinito, o toquem para que seja possível crescer em estatura e graça.


Intimidade é uma palavra que neste contexto se refere a uma vida em santidade e adoração, louvores, pelo qual, Ele habita e vem: trazendo renovo, esperança, avivamento genuíno. Não aquela empolgação que te transforma apenas por um dia, sim um mover de Deus, que chego a usar o comparativo de Paul Washer, uma vez disse que o mover de Deus era como um impacto de caminhão a mais de 80 km/h em uma pessoa, trazendo uma transfiguração tamanha que você nunca conseguiria vir a ser a mesma criatura velha.


Pedir ao Senhor humildemente para fazer parte de sua rotina é levar um dia inteiro em oração, mesmo que você esteja trabalhando, é estar íntimo e saber que tudo que você vai fazer o Senhor estará ao seu lado para te guiar mansamente.


"E eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco, porque já é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles. E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o, e lho deu. Abriram-se-lhes então os olhos, e o conheceram, e ele desapareceu-lhes." Lucas 24: 29-31



Estar com o Aba Pai em intimidade é estar de mãos dadas e aptos ao sussurrar de Sua vontade e amor.


Shalom.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Um mochilão em nossa vida espiritual.

Não existe facilidades no meio do caminho, o Senhor disse que seria estreito... mas é o único jeito.


Perdemos muito tempo discutindo sobre a salvação, se poderíamos perde-la ou não. O fato é que nos foi dada uma única saída e ela foi chamada de estreita, apertada. Esse trajeto é longo e podemos torná-lo perigoso em nossas escolhas erradas.


Neste caminho imagino o homem passando por uma viagem espiritual, uma jornada ao longo de sua vida através das "igrejas da ásia menor", tal como um mochileiro. Só que na sua bagagem deve-se levar o necessário, um mantimento recheado de santidade e se desprender do peso morto: pecados, dificuldades, tradicionalismo, coisas que se acumulam, bugingangas que guardamos e não tem serventia nenhuma em nossas passagens, etc...


Eu imaginaria essa estadia pelas cidades sem uma ordem bíblica das Cartas às igrejas, o viajante poderia estar passando agora por Laodicéia, e ele decide se pára ali ou se passa batido, pois o que se encontra nela é soberba pura, uma cidade nada convidativa, morna sem vontade, esnobe. Pior para aqueles que ali estacionam. Cuidam apenas de si, egoístas...


{Em Laodicéia temos um momento em nossa vida que podemos ser considerados: quentes, frios ou mornos. Mas ser considerado morno, sem vontade é a pior coisa que pode nos acontecer. Podemos ter que tomar uma decisão, dar um passo de fé e desse modo ser morno, ou seja, não ir adiante e deixar de aproveitar as bençãos do Senhor, dessa maneira também nos prendemos em que já acumulamos. Praticamos uma idolatria em nossos ganhos, pensamos em como somos melhores que os outros, um ledo engano. Mas Ele está a porta querendo nos aconselhar a sair dessa situação.}


Prosseguindo por Éfeso o mochileiro encontra um povo trabalhador, esforçado como Marta, mas que não param para acolher bem aos que chegam, preocupam-se tanto com a liturgia e com o seu estudo que não se permitem amar como o Senhor. Teólogos, bereanos preocupados com o verdadeiro evangelho, quase fariseus...


{Aqui vemos uma passagem em nossa vida na qual optamos por trabalhar tanto em nosso ministério e dom que esquecemos a busca pelo principal deles: o amor. Estar no primeiro amor, sentir a presença do Pai é deixar as preocupações de lado quando Ele se aproxima, as vezes mergulhamos no ofício e esquecemos do sábado do Senhor, do descançar nEle, nosso momento Marta! Mas estamos sempre dispostos a defender o verdadeiro Evangelho.}


E indo por Pérgamo se nota nesta passagem uma cidade devastada pela idolatria, um lugar assolado por sincretismo, uma mistura, contaminação na vida desse povo. Pensam que seguem ao verdadeiro Deus mas se afastam cada vez mais do Verbo. Praticam uma busca a mamom, e a demais "deuses". O aventureiro que ali passa pode se deparar com uma babel espiritual e se confundir com a seriedade do que praticam pelo estabelecimento tradicionalista de tal "religião" e sua cultura.


{Não seria difícil nos enquadrar nesse momento da vida quando nos deparamos com a teologia da prosperidade, com o engano praticado em nosso país, com o contaminado catolicismo romano, pela busca desenfreada por bençãos, detectamos isso na TV e em tantas denominações evangélicas e nos absurdo praticados. Dizem que se contarmos tanto uma mentira, ela pode vir a se tornar um "verdade".}


Chegamos agora em Sardo, uma terra de pecado, aonde escutam a pregação e fingem dar ouvidos, se afogam em suas concupiscências, sem ao menos se arrependerem, praticam o que querem e tentam aos que estão em sua volta, principalmente aos visitantes desavisados. O ladrão pode invadir essa cidade e se aproveitar dos que dormem facilmente, uma cidade com muros arruinados e os que se escondem e vigiam conseguem sobreviver ao horror.


{Estar em Sardo é estar em pecado e não reconhece-los. É ser arrogante ao que te exorta, e negar ao que pensa conhecer. Também é escutar a Palavra de Deus, mas se negar a abandonar o velho homem, que mesmo sendo de uma vida inteira de congregação, igreja, nem de perto seria trigo, é joio puro e pode estar condenado ao inferno. Mas a qualquer momento pode vir a se arrepender...}


Agora em Tiatira temos ali uma pedra de tropeço, o mochileiro pode cair e se machucar, pois é um percurso tortuoso e pedregoso, com um precipício ao lado, de longe parece fácil, possuí belíssimas obras no começo da cidade e mais lindas ao fim, mas parecem um cenário de teatro: lindos por fora, e nada por dentro. Praticam o engano com a sutileza e astúcia da serpente antiga, uma ilusão que levará a morte. A prostituição é a sua profissão. A tentativa de se salvar a população é semelhante a dos que moram em áreas de risco e não querem sair dela.


{Nesta mensagem à Tiatira temos uma menção clara também ao risco de se contaminar pelos nossos interesses apenas, podendo então misturar a religião para o benefício próprio, vemos claramente não só a mariolatria, mas a classe política evangélica, os empresários da fé, etc... mas o arrependimento para esses ainda não chegou. Uma fachada pomposa mas oca, sepulcro caiado...}


A viagem começa a melhorar para o aventureiro, agora numa cidade bem guardada, escondida, humilde. Aos soberbos ela não presta, tentam destruí-la para usurparem seu lugar de ser um ponto turístico ideal e aconchegante. Sua simplicidade irrita aos arrogantes, mas é bem guardada, suas portas são vigiadas por um Guarda poderoso e logo repelirá aos assaltantes e ao vingador que a espreita. Filadélfia é assim, a preferida do Dono das terras.


{A vida em Filadélfia, ou a vida em santidade nos torna irritantes e loucos aos mundanos e aos que praticam um evangelho contaminado. É ser amado pelo Pai, ser invejado pela simplicidade do Evangelho que guardamos com afinco, é estar num avivamento, nas águas do Trono que fluem por ali. É estar na Rocha sem risco de abalos.}


E por fim: Smirna. Uma lugar perseguido pela pureza de seus cidadãos, que vivem atormentados por rebeldes invasores, perturbadores da ordem, que tentam saquear suas riquezas. Porém é um povo que acolhe pra si o que não se corrói ou que seja traçado. Sofrem agressões constantes mas caminham como se nada os incomodassem. Varões valentes que serão consolados.


{Em Smirna temos a perseguição que sofremos por sermos verdadeiros crentes em Jesus o Cristo, o único Deus, o Todo-Poderoso. Podemos sofrer tanto, imaginar ser sofridos e ineficazes em nossos testemunhos, mas somos grandes aos olho do Pai, é aonde se encontram os pregadores missionários que morrem e são espancados nos confins da Terra. Mas serão consolados e justificados, mártires que verão seus inimigos aos seus pés.} 


Finalmente entendemos que nossa caminhada é uma jornada que devemos fazê-la com muito cuidado. Pois podemos escolher lugares ruins de se visitar, podemos achar que estamos em segurança quando na verdade estamos sendo levados para a morte certa. 


Tente analisar as cartas em Apocalipse como estágios que podemos nos encontrar em nosso trajeto, é fácil acusar ao do lado e julgá-lo. Mas o julgamento do Senhor é o que valerá e será individualizado e cortante, separando a verdade do joio. Se nos vermos como salvos poderemos cair em nós mesmos e de repente estar em Laodicéia, bem longe de Smirna, da Coroa da Vida, da chave de Davi, da Estrela da Manhã... um abismo chama outro abismo.
Quem está limpo, limpe-se mais!


Shalom!