quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Um testemunho

Sou Leonardo Pomposelli Gomes da Silva, tenho hoje 31 anos de idade, filho de Renato e Maria Elizabete, neto de Hernan e Ciléa, batistas, profetas, atalaias, já no seio de Abraão.

Vivi até os meus 26 anos de idade sob a pressão de ser carioca, tijucano, um homem, que como todos de meu tempo e de hoje tinham algo à provar, ser destemido, ousado em atitudes, "azarador", fanfarrão, violento, estúpido, etc... paro por aqui.

No ano de 2006, perambulava eu e minha adormecida alma pelas noites cariocas, e neste dia específico procurava algo mais tranquilo para badalar, lembro de ter ido à uma casa noturna na zona sul do Rio, chamada Casa Rosa, aonde se concentravam aqueles que buscavam alternativas diferentes ao eletrônico exagerado, funk de comunidade...

Em meio aquele ambiente cheio de pessoas e costumes habituais, confronto uma mulher, que me correspondeu ao olhar de forma discreta, me atraí instantaneamente e esperei a hora certa de aborda-la e para mais uma vez alcançar o objetivo vazio de cada noitada. E me apresentei, houve receptividade, trocamos telefone e já não fui o mesmo em meu tratamento, senti algo e fui para casa.

Essa pessoa passou a fazer parte de minha vida, ela estava afastada de sua comunidade mas estava decidida a ir no domingo a noite ter com seus amigos em uma igreja, da qual meus avós paternos fizeram parte. Respeitei, afinal meu interesse era ela, e resolvi acompanha-la sempre que podia nestes fatídicos domingos.

As idas à igreja começaram a se tornar mais frequentes, e neste tempo já estávamos indo à uma Metodista em Vila Isabel, de onde ela fazia parte desde sua infância e tinha se separado ao longo de sua juventude.

Percebi num destes domingos que meus incomodos aos cultos religiosos estavam começando a aumentar e gerar algo físico em meu peito, uma vontade enorme de sair dali. Mas o meu respeito por ela se manteve e não negava a seus convites.

Nesta altura eu já estava começando a me deixar levar por aquelas ideologias, filosofias, não entendia muita coisa e gostava de contrapor aquele contexto ao que tinha aprendido em minha ignorante e mundana caminhada: muito positivismo, muita energia, racionalismos, muita filosofia de botequim, ideais de universitário, tudo era aquilo e isso mesmo não era nada e vice-versa, sacou? Nem eu... mas comecei a aceitar as explicações que ela pacientemente me dava e com um estranho brilho no olhar me convencia, e veio crescendo, e veio um cd daqueles de canções religiosas, e fui decorando, cantarolando no percurso para o trabalho e veio aquele domingo.

Aceitei mais uma vez a ida para a igreja de Vila, nesse tempo já tinha ido numa dessas excursões de crentes, para o pessoal que tocava na bandinha da igreja, um pessoal legal, amável, diferentemente respeitáveis e fraternos. Lembro-me de nesse lugar um alojamento chamado "Clay", um ambiente serrano e tranquilo, de ter causado espanto a um determinado pastor por carregar em minhas mãos um livro chamado "Cabeça de Porco", esse pastor arregalou os olhos e deve ter imaginado qualquer coisa ligada a macumba, sei lá, mas era um livro de contexto social idealizado por MV Bill e sua experiência nas favelas do Brasil... foi engraçado. Bem, como disse já estava bem familiarizado com aquilo tudo e retornando pra dentro daquele domingo, resolvi então escutar o que dizia um dos três pastores que estavam no púlpito. E aquelas palavras eram como agulhas que perfuravam meu peito, fazendo aquele incomodo anterior vazar, e a repulsa se tornar em fome, e a coerência, eloquência do que era dito, a total semelhança com minha própria vida era enorme ao ponto de perguntar à ela se tinha revelado algo sobre mim para aquele pastor. E ele fez um convite.

A voz era forte e direta, levantei, meus olhos se tornaram bicas, caminhei diretamente ao altar e quando percebi estava ajoelhado, chorando e sendo consolado por alguém que estranhamente aquecia o vazio deixado pela angústia, e ela veio, por trás de mim e sussurrava sua oração, enfim Jesus entrou e ocupou um lugar, foi uma experiência até então surreal para mim, algo que nenhuma droga lícita ou não proporcionaram, foi maravilhoso, transformador...

E assim começou o que não mais parou, dores de transformação, alguns descontentamentos ali e descobertas, como por exemplo a ida de um tio meu, teólogo a um hospital visitar uma garotinha sobrinha de seu irmão em Cristo que acabara de se acidentar, a minha própria. E também dos avós paternos dela serem de uma igreja batista da qual sua avó centenária (viva ainda hoje) faz parte e ministra para as senhoras, foi a primeira a visitar meus avós paternos em sua casa nova no Rio de Janeiro, sem falar que minha tia avó era sua irmã batista...

Ou seja, o Senhor cruzou uma linda mulher meio desacreditada com um troço falante e causou uma transformação e vem causando, com um casamento lindo, dois também lindos filhos e uma fé crescente, uma santidade praticada diariamente, acertos, erros... Muito bom!

Ah, aquele pastor dos olhos arregalados, hoje é meu pastor amado na Igreja aonde somos todos missionários, no bairro do Grajaú e alertou a minha linda sobre se envolver com quem não era crente. Certíssimo! Nossa história é algo do Senhor, que transforma um erro, acidente em benção. Em tudo dai graças!

Shalom.

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